sábado, 19 de junho de 2010

O Enxadrista

As vezes me pergunto quantos anos tenho
se sou mais velho ou mais novo que meu pensar.
Vivo pensando e me perguntando o porque de tudo,
penso que por isso, eu tenha sido inquieto quando criança
“O demonio” para muitas pessoas.

Sobre minha vida, o que mais me recordo é de uma tarde
Eu estava sem fazer nada e fui pra rua ver o que os outros meninos estavam fazendo
nisso, vi o Bruno e o Thiago sentados em uma mesa de metal, aquelas de bar.
Eles olhavam atentamente para um tabuleiro, e tal me fez ficar maravilhado com as peças que ali estavam, depois de duas partidas assistidas atentamente, pude compreender como o jogo era, e assim, passei a joga-lo por muitas e muitas tardes. Me tornando um garoto quieto e pensativo.
O tabuleiro era do Senhor que ali morava ao outro lado da rua, o nome dele era Ronaldo Poswar.

Depois que eu, o Thiago e o Bruno aprendemos a jogar, ensinamos aos outros garotos que ali moravam, assim, o Senhor Ronaldo criou um clube de xadrez, que levava o seu sobrenome, Clube Poswar de Xadrez de Pirapora. Que lotava todas as tardes a calçada da gráfica que o Senhor Ronaldo era proprietário.

Me tornei um dos mais importante enxadristas que ali tivera, e passei a dar aulas do mesmo.
Momentos mais tarde, perdemos a empolgação, as crianças já não se interessavam mais pelo jogo e não retornaram ao clube. Eu o Ronaldo e seu Filho, passamos a dar aulas de xadrez gratuitamente em escolas publicas aos domingos de manhã. Anos mais tarde eu passei a aproveitar meus sábados ao lado dos meus pais, indo para o sitio e para casa de parentes, deixando de frequentar e ajudar o Ronaldo.

Os anos se passaram e eu estava na casa de minha avó, a mesma então me deu a noticia, que o Ronaldo vira a falecer pela manha. Eu imediatamente fui a esquina da gráfica, lá estavam sentados os funcionários da mesma, que tentaram me dar a noticia de uma forma cautelosa, eu como uma criança explosiva, não aceitei a morte dele e fui para minha casa, não sei como fiz isso, mas voltei friamente, nem uma lagrima caiu do meu rosto, entrei no carro e fui para o sitio dos meus pais. Quando o carro saia da garagem eu olhava em direção a casa dele, então minha mãe me perguntou:

Você não vai no velório dele Luisinho?

Então eu respondi:
Não mãe, ele ta no hospital, ele não morreu.

Acho que foram essas minhas palavras, enquanto eu falava essa pequena frase, eu me embaralhava e tentava me explicar, meus pais ficaram em silêncio. Eu não queria ter a imagem dele morto, e sim, jogando xadrez comigo na varanda da casa dele, depois das Seis e Trinta da tarde.

Hoje, ele é uma das pessoas que mais penso quando vejo um tabuleiro de xadrez. Ele foi um grande homem, soube me dizer sabias palavras e me ensinou a ser um bom jogador de xadrez!

Tenho sonhos em minha vida, e um deles e fundar novamente aquele clube de xadrez, mas dessa vez, não quero que leve apenas seu sobrenome, e sim, seu nome, Ronaldo Poswar.

Ele foi o meu amigo, pena eu, não ter maturidade o suficiente para enxergar isso.
Saudades do meu amigo enxadrista, O Ronaldo Poswar!

(Luis Marques) 20-06-2010

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ausência de graduação nos tons de uma pintura.

A pintura foi uma forma de retratar o mundo.
Hoje com uma câmera digital você faz belas imagens,
Imagens essas que nos retratam tão bem, que transmitimos aquilo que nos aflige.
Com um editor você pode até se retocar, mas o que se vê, é o que realmente se materializa.
Não importa o quanto retoque!
As tentativas em transformar o ser, o afasta da sua verdadeira identidade, você é aquilo que seus amigos queriam que você fosse.
E com o passar do tempo, passa a se perguntar, quem sou eu? A conclusão mais aceita é que se é fruto do meio.
Perdeu-se a sua identidade, esqueceu o que realmente gostava de fazer.
Tinha necessidade de se auto afirmar, precisava estar naquele grupo,
Mas não parou para pensar o quanto foi manipulada nesses últimos anos.
Mas a imagem que transmitimos, é o que somos?
Pergunte a si mesmo. Quem sabe não se descobre!
A fase experimental já se foi. Chegou a hora de você descobrir o seu verdadeiro “eu” e o motivo pelo qual você habita nesse planeta, boa sorte.


(Luis Marques/Frederico D´loar) 03-06-2010